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Polícia inicia ação de despejo de famílias do Alto da Felicidade

sexta-feira, 11 de setembro de 2009

Na manhã desta sexta feira (11/09) a Policia Militar efetuou a ação de despejo das famílias que haviam montado suas casas no Alto da Felicidade, zona Sudeste de Teresina. Após intensa resistência por parte dos moradores, policiais armados da Polícia Militar, RONE e alguns oficiais do Corpo de Bombeiros cumpriram a ação judicial que obriga as famílias a saírem do local. Segundo dados apurados pelo PortalHoje junto a Comandante da operação, a Tenente Coronel Julia Beatriz, os moradores foram alertados e sabiam  que mais cedo ou mais tarde o despejo aconteceria no local. Ainda segundo a tenente, cerca de 600 pessoas foram cadastradas para receber no mesmo local casas que serão construídas pela Caixa Econômica Federal por meio do programa ‘Minha Casa, Minha vida’.
Devido ao imenso tumulto causado pelas famílias que resistiam à ação dos policiais, alguns casos tive que ser usada a força para deter a ação de muitos, que em um ato de protesto disparam foguetes e gritos de revolta contra os oficiais. Os moradores reclamaram da forma violenta como foram tratados pelos policiais, chegando até a usar spray de pimenta, atingindo crianças e adultos que estavam por perto. Uma mulher que estava grávida foi levada às pressas para o hospital após passar mal durante o tumulto.

O QUE DIZEM OS MORADORES DESPEJADOS

Em clima de tensão e discórdia, os moradores tiram seus pertences das casas improvisadas de madeira e barro. São pais de família, estudantes e crianças de colo sem ter onde morar a partir de agora, como é o caso de Josué, morador do Alto da Felicidade desde quatro meses atrás quando começou a invasão. Josué relatou que os avisos por parte da polícia não faltaram para a desocupação do terreno: “Todos os dias a tenente vinha aqui fazer ameaças pra gente sair daqui, até que hoje foi cumprido esse despejo que você ta vendo”. Ainda segundo o morador, ao ser despejado de sua casa, os policiais o agrediram com cassetetes nas costas, chegando a atingir a perna da criança que estava em seu colo. “A criancinha chega chorou da cassetada que acertou o joelhinho da bichinha” disse Josué. Não foi dado tempo para que os moradores retirassem seus pertences das casas, levando muitos ao prejuízo
Outro fato que deixou os moradores indignados foi o uso do spray de pimenta, que ao se espalhar com o vento lesionou os olhos de crianças, idosos, mulheres e pessoas que passavam pelo local: “O povo ficou agoniado com os olhos e a garganta ardendo”. Para Josué, a atitude da polícia foi de extrema covardia, usando de força para a retirada de pessoas do local, principalmente sobre crianças e idosos. Quando a pergunta é: ‘pra onde ir?’ o morador responde triste: “Não tenho pra onde ir, nossas coisas estão todas aí jogadas, na lama e na poeira como vocês estão vendo. Estamos sem rumo, após as autoridades terem feito essa barbaridade com a gente”. Os moradores que estão sendo despejados, ainda falaram sobre o fato de serem acusados de impedir a saída de algumas famílias em outros momentos antes da invasão, fato negado pelos moradores que disseram que saía quem queria, e ao sair uma, chegavam outros. Muitos dos moradores que estão saindo do local, se endividaram para comprar telhas, móveis e utensílios de casa e agora amargam o despejo de seu lar.

O QUE DIZ A POLÍCIA MILITAR

Apenas cumprindo ordens de uma decisão da justiça, a polícia realizou a ação de despejo na manhã desta sexta tendo início por volta das 7h da manhã. Para dar mais detalhes de como aconteceu e como ficará a situação do local daqui por diante, entrevistamos a tenente coronel da polícia militar, Julia Beatriz. Segundo Júlia, a maioria das famílias foi cadastrada no programa ‘Minha casa, minha vida’ a fim de receber uma nova moradia que será construída no local, havendo resistência de alguns que não queriam acordo. A ação da PM na tarde desta sexta será mais de acompanhamento trabalho de demolição das casas que ainda estão de pé. Segundo Júlia, a permanência da policia no local se dará até a justiça reconhecer a reintegração de posse do terreno e a construção de um muro para a proteção do local.
Durante a cobertura no local, presenciamos a demolição das casas, fato que causa imensa comoção de quem levou um bom tempo para levantar. Feitas de barro, madeira e palha em sua maioria, as casas pouco resistiam à força da pá mecânica do trator, que em menos de 5 minutos transformava em poeira e entulho o que era o lar de uma família.

MAIS FOTOS DA AÇÃO DA POLÍCIA

 
  
  
  
  
 


Reportagem e fotos: Rodrigo Antunes (Mais você encotnra no Portal Hoje! Clique Aqui!)

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